A importância da mediação na educação: promovendo a resolução de conflitos de forma pacífica

CRA-RJ
22 min readJul 10, 2024

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*Adm. Patrícia Figueiredo Pereira Salgado e Adm. Valmira da Silva Cristofori

RESUMO

Mediar conflitos escolares é um processo de facilitação de diálogo entre as partes envolvidas, com o objetivo de buscar soluções pacíficas e construtivas. Envolve ouvir atentamente, promover a empatia e buscar um acordo mutuamente satisfatório. Conflitos podem surgir em diversas situações, como diferenças de opinião, valores ou interesses. Na escola, esses conflitos podem envolver alunos, professores, funcionários e até mesmo pais. É importante abordar os conflitos de forma efetiva para evitar que eles se tornem mais intensos e prejudiquem o ambiente escolar. A mediação de conflitos é uma técnica que pode ajudar a resolver essas situações de forma pacífica e construtiva. Este artigo discute o papel da mediação na educação como uma abordagem eficaz para lidar com conflitos entre estudantes, professores e demais membros da comunidade educacional. Exploramos os benefícios da mediação, suas principais características e como ela pode contribuir para um ambiente escolar mais harmonioso e propício ao aprendizado. De forma reflexiva, abordaremos a importância da resolução de conflitos na educação. O objetivo geral do artigo é analisar a importância da mediação na educação, destacando suas contribuições para o desenvolvimento cognitivo, socioemocional dos estudantes. Como objetivo específico, promover a construção de um instrumento conscientizador no processo de mediação como uma ferramenta eficaz para resolver conflitos de forma pacífica. Para minimizar os problemas de conflitualidade e violência na escola torna-se necessário desenvolver uma educação para a gestão positiva dos conflitos, de modo a fomentar uma cultura de paz e de cidadania, contribuindo para o desenvolvimento do papel da escola como uma “política da vida” (Giddens, 19941 apud Sarmento, 2002). Metodologicamente, será apresentado um exemplo prático que demonstre como a implementação efetiva da mediação na educação pode transformar o ambiente escolar, promovendo a resolução pacífica de conflitos, fortalecendo as relações interpessoais e proporcionando um espaço propício para o aprendizado e desenvolvimento integral dos alunos. Na pesquisa analisamos como a mediação na educação pode ser uma estratégia efetiva para resolver conflitos entre alunos, professores e outros membros da comunidade escolar e abordaremos o conceito e os benefícios da mediação na educação, que é um método de intervenção em que uma terceira pessoa facilita a comunicação entre as partes em conflito, ajudando-as a buscar soluções satisfatórias para todos. Mostramos as vantagens da mediação, seus principais aspectos e como ela pode favorecer um clima escolar mais pacífico e favorável ao aprendizado. O artigo conclui que a mediação na educação é uma ferramenta pedagógica que visa promover a resolução de conflitos de forma pacífica, participativa e democrática, estimulando a autonomia, a responsabilidade, a empatia e a cidadania dos envolvidos, e que pode contribuir para a formação integral dos alunos e para a transformação social.

Palavras-Chave: escola, conflito, mediação.

RESUMEN

Mediating school conflicts is a process of facilitating dialogue between the parties involved, with the aim of seeking peaceful and constructive solutions. It involves listening attentively, fostering empathy, and seeking a mutually satisfying agreement. Conflicts can arise in a variety of situations, such as differences in opinion, values, or interests. At school, these conflicts can involve students, teachers, staff, and even parents. It is important to address conflicts effectively to avoid conflict. It is important to address conflicts effectively to prevent them from becoming more intense and harming the school environment. Conflict mediation is a technique that can help resolve these situations peacefully and constructively. This article discusses the role of mediation in education as an effective approach to dealing with conflicts between students, teachers, and other members of the educational community. We explore the benefits of mediation, its main characteristics, and how it can contribute to a more harmonious and learning-friendly school environment. In a reflective way, we will address the importance of conflict resolution in education. The general objective of this article is to analyze the importance of mediation in education, highlighting its contributions to the cognitive and socio-emotional development of students. As a specific objective, to promote the construction of an awareness-raising instrument in the mediation process as an effective tool to resolve conflicts peacefully. In order to minimize the problems of conflict and violence at school, it is necessary to develop an education for the positive management of conflicts, in order to foster a culture of peace and citizenship, contributing to the development of the role of the school as a “politics of life” (Giddens, 19941 apud Sarmento, 2002). Methodologically, a practical example will be presented that demonstrates how the effective implementation of mediation in education can transform the school environment, promoting the peaceful resolution of conflicts, strengthening interpersonal relationships and providing a space conducive to the learning and integral development of students. In the research we analyze how mediation in education can be an effective strategy to resolve conflicts between students, teachers and other members of the school community and we will address the concept and benefits of mediation in education, which is a method of intervention in which a third person facilitates communication between the parties in conflict, helping them to seek satisfactory solutions for all. We show you the advantages of mediation, its main aspects and how it can favor a more peaceful and learning-friendly school climate. The article concludes that mediation in education is a pedagogical tool that aims to promote the resolution of conflicts in a peaceful, participatory and democratic way, stimulating the autonomy, responsibility, empathy and citizenship of those involved, and that it can contribute to the integral formation of students and to social transformation.

Key words: school, conflict, mediation.

  1. INTRODUÇÃO

A educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento humano, social e econômico de uma sociedade. No entanto, a educação também é um campo marcado por diversos desafios e conflitos, que podem comprometer o seu potencial transformador. Como lidar com os conflitos que emergem no contexto educacional, de forma a preservar a harmonia, a cooperação e a aprendizagem? Como promover uma cultura de paz na escola, que valorize a diversidade, o diálogo e os direitos humanos? Essas são algumas das questões que motivam este artigo, que tem como objetivo discutir a importância da mediação na educação, como uma ferramenta pedagógica que visa promover a resolução de conflitos de forma pacífica, participativa e democrática. A mediação de conflitos na educação é uma ferramenta importante para promover a resolução de conflitos de forma pacífica que auxilia a pacificar e democratizar a escola, permitindo que ela ofereça uma educação voltada para o desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e de comunicação. Além disso, a mediação contribui para a formação de membros educativos mais conscientes das responsabilidades sociais na comunidade, pois difundem uma cultura de paz, usando o diálogo como forma de resolver os conflitos. De maneira crítica, discutimos a relevância da resolução de conflitos na educação. O artigo também ressalta que a mediação na educação contribui para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, para o fortalecimento da autoestima, da confiança e da autoeficácia, para o estímulo à participação, à democracia e à cidadania, e para a melhoria do clima escolar, da qualidade de ensino e da aprendizagem dos alunos. Os participantes aprendem a escutar e ter empatia, desenvolvendo habilidades humanas, como a consciência individual e social, no processo, o que contribui para a melhoria da capacidade de análise e de solução dos conflitos, o que auxilia na superação dos desafios e adversidades da vida pessoal e profissional, além de disseminar a cultura pacificadora. Podemos destacar que a mediação pode ocorrer mediante conflitos entre alunos, pais e professores. Neste sentido, encontramos nos processos de mediação escolar uma abordagem criativa para a resolução dos conflitos, oportunizando crescimento e mudança, estimulando a formação pessoal e social. O artigo se divide em três partes: na primeira, apresenta-se o conceito e as características da mediação na educação, bem como os seus benefícios para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, para o fortalecimento da autoestima, da confiança e da autoeficácia, para o estímulo à participação, à democracia e à cidadania, e para a melhoria do clima escolar, da qualidade de ensino e da aprendizagem dos alunos. Na segunda parte, discute-se como a mediação na educação pode ser aplicada em diferentes contextos, como na sala de aula, na gestão escolar, na relação entre pais e filhos, na convivência entre colegas, entre outros. Na terceira e última parte, aponta-se alguns desafios e recomendações para a implementação da mediação na educação, como a sensibilização e a capacitação de todos os atores envolvidos, como professores, alunos, gestores, pais e comunidade, e a adoção de uma cultura de paz, que se baseia em valores como a tolerância, a solidariedade, a justiça, a cooperação e o diálogo.

Espera-se, com este artigo, contribuir para a reflexão e a prática da mediação na educação, como uma forma de promover a formação integral dos alunos e a transformação social, a partir da transformação pessoal e relacional dos indivíduos no sentido da disseminação de uma cultura pacificadora no ambiente educacional.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Mediação

Sobre a experiência da mediação, Diez (2010) ensina que “a mediação é o procedimento utilizado quando as partes não conseguiram se entender por si mesmas ou por meio de seus advogados ou representantes. A mágica da mediação está em ajudar as pessoas a mudarem suas ‘percepções’ sobre o problema que as aflige. E modificar a percepção do problema significa poder olhá-lo de outro lugar” (p. 23).

De forma enriquecedora o estudo filosófico foi orientado pelo paradigma críticopropositivo como uma alternativa para a pesquisa social que propõe uma solução para o problema em estudo. Se distinguirmos que uma coisa é a “luz” da mente e outra que raciocina, entende-se que o raciocínio é o trabalho de homem que implica o ser ideal ao ser real, ou seja, é uma busca humana que implica uma responsabilidade totalmente pessoal pelo sucesso da pesquisa. É necessário levá-lo ao nível intelectual e assim poder resolver problemas, com a intervenção de diferentes fatores sociais, para a melhoria das condições de vida. Intencionalmente as pessoas podem assumir ações eficazes em direção a melhoria de suas condições de vida, assumindo este processo como novo, não o simples fato de as pessoas questionarem suas condições e buscarem melhores meios de agir para o seu bem-estar e o da sua comunidade, mas o fato de chamar esse processo de pesquisa e conduzi-lo como uma atividade intelectual. Sociológicamente é baseada na teoria dialética do materialismo histórico em que se encontra a constante mudança e transformação da sociedade em direção ao desenvolvimento e progresso. Todo ser humano alcança a transformação em direção transcendente ao tempo e ao espaço. A sociedade é o produto histórico da interação social das pessoas, que é o processo recíproco que funciona por meio de fatores sociais, geralmente em condições de tempo e lugar, sendo o aspecto econômico fator determinante. Juridicamente, podemos encontrar os regulamentos da mediação na Lei nº 13.140/2015 (lei ordinária), de 26/06/2015, que dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de resolução de litígios e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997, e o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972; e revoga o § 2º do art. 6º da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997. Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. Lei de Mediação — Lei Federal nº 13.140, de 26 junho de 2015, dispõe no seu Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.

A mediação é uma gestão pelas pessoas envolvidas. Mecanismo em que intervém um terceiro que ajuda as partes a chegar a uma solução, mas sem propor fórmulas de solução. O papel do terceiro é melhorar a comunicação entre as partes para que elas especifiquem claramente o conflito, descubram seus interesses e gerem opções para viabilizar um acordo satisfatório. O mediador é uma pessoa neutra que não tem interesse pessoal no resultado, de modo que a suspeita e a desconfiança são minimizadas.

Segundo alguns autores:

“A mediação é um processo de solução de conflitos, com a direção do processo a cargo de um terceiro “o mediador” que deve ser objetivo e imparcial, cuja função é auxiliar as partes para que resolvam o conflito.”¹

“A mediação em suas múltiplas formas e modelos é a realização de seminários-oficinas de resolução de problemas com a participação das partes em conflito com típicas intervenções de terceiros que não resolvem.”²

A mediação de conflitos é um método alternativo de resolução de disputas em que um terceiro imparcial, o mediador, auxilia as partes envolvidas a chegarem a um acordo mutuamente satisfatório. O objetivo da mediação é promover o diálogo entre as partes, para que possam entender as perspectivas uns dos outros e chegar a uma solução que atenda às necessidades e interesses de todos. O mediador não toma decisões, mas sim ajuda as partes a explorar opções e encontrar uma solução que seja justa e duradoura. A mediação é uma forma eficaz de resolver conflitos em diversas áreas, como família, trabalho, empresarial, entre outros.

Figura 1- Como o Estudo de Filosofia Enriquece a prática da Mediação

Fonte: Instituto e Câmara de Mediação Aplicada (2021)

¹ DIOGUARD, Juana. Teoria general del proceso. 1ª ed. — Buenos Aires: AbeledoPerrot, 2010, p. 30.

² REMO, F. Entelman. Teoria de conflictos. Hacia um nuevo paradigma. 2ª ed. — Barcelona: Editorial Gedisa, 2009, P. 205.

“Eu afirmo que a Verdade é tal como a escrevi: cada um de nós é medida das coisas que são e das que não são, de mil modos entretanto um do outro diferindo, por isso mesmo que, para um, umas coisas são e parecem, mas outras, para outro.” (cf. Platão, Teeteto 166d).

Dessas palavras, proferidas por Sócrates em nome de Protágoras na famosa Apologia de Protágoras contida no Teeteto, não seria incorreto dizer que elas antecipam, de algum modo, na história do pensamento, a reflexão crítica sobre problema e conflito de opiniões. Ao constatar a divergência das verdades dos homens, ao procurar mostrar que o verdadeiro é sempre, para cada homem, o que tal lhe parece e o que como tal, portanto, assume e propõe aos outros, Protágoras não visava especificamente as oposições e divergências que dividiam o pensamento filosófico anterior ou contemporâneo; conforme a sua doutrina, ao contrário, tal diferença de perspectivas sobre a verdade e o saber não configuraria mais do que um caso particular da infinda e irredutível diversidade das opiniões humanas.

2.2. Definição e fundamentos da mediação na educação

A mediação no ambiente educacional é uma prática que busca promover a resolução pacífica de conflitos no ambiente escolar, envolvendo alunos, pais, professores e demais membros da comunidade escolar. O mediador educacional atua como facilitador, ajudando as partes a expressarem seus pontos de vista, ouvindo atentamente e buscando encontrar soluções que atendam às necessidades de todos. A mediação educacional é uma ferramenta importante para promover o diálogo, o respeito mútuo e a construção de um ambiente escolar harmonioso, contribuindo para a prevenção e resolução de conflitos de forma saudável e construtiva.

Ao longo do século XX pudemos assistir a autênticas mutações da escola que conduziram a uma crise de legitimidade da instituição escolar. A compreensão dessas mutações tem a ver com o facto de a escola ter passado de um contexto de certezas para um contexto de promessas, inserindo-se atualmente num contexto de incertezas (Canário, 2004). A mediação na educação é um conceito que se refere à forma como o professor se relaciona com os alunos no processo de ensino e aprendizagem, buscando facilitar, incentivar e motivar a construção do conhecimento a partir da reflexão crítica das experiências e do contexto social. A mediação na educação se opõe à visão tradicional de ensino, que considera o professor como um mero transmissor de informações e o aluno como um receptor passivo. A mediação na educação propõe uma nova relação entre professor e aluno, baseada na cooperação, no diálogo, na participação e na criatividade.

2.3. Características da mediação na educação

A mediação de conflitos no ambiente escolar é uma abordagem essencial para promover a resolução pacífica e lidar com situações conflituosas entre alunos, professores, pais e gestores exige que a instituição escolar esteja preparada para promover a pacificação e a convivência coletiva. No ambiente escolar surgem conflitos e disputas que provocam o conflito apresenta, considerando questões como bullying, indisciplina, violência e preconceito.

O mediador é alguém que intervém para provocar um acordo, uma reconciliação ou uma transformação entre as partes em conflito, que podem ser o aluno e o conteúdo, o aluno e o professor, o aluno e os colegas, o aluno e a sociedade etc.

O mediador não impõe a sua visão ou a sua solução, mas ajuda as partes a compreenderem as suas posições, interesses e sentimentos, e a buscarem soluções satisfatórias para todos, respeitando a diversidade, a pluralidade e os direitos humanos. O mediador utiliza diferentes recursos e estratégias para facilitar a comunicação, a interação e a aprendizagem, como textos, imagens, vídeos, jogos, atividades, perguntas, desafios, problemas, entre outros.

O mediador estimula o aluno a ser um sujeito ativo, autônomo, responsável, crítico e reflexivo, que constrói o seu próprio conhecimento a partir da sua realidade, das suas necessidades e dos seus objetivos. De forma imparcial, o mediador valoriza o processo de aprendizagem, e não apenas o produto, reconhecendo os avanços, as dificuldades, as potencialidades e as singularidades de cada aluno. O mediador pedagógico promove uma cultura de paz na escola, que se baseia em valores como a tolerância, a solidariedade, a justiça, a cooperação e o diálogo. A mediação na educação é, portanto, um conceito e uma prática que visa a formação integral dos alunos, preparando-os para lidar com os conflitos de forma construtiva e pacífica, tanto no âmbito escolar quanto no social. A mediação na educação é, também, uma forma de promover a transformação social, a partir da transformação pessoal e relacional dos indivíduos.

2.4. Como a mediação pode ser aplicada em diferentes contextos

A mediação na educação é uma forma de promover a resolução de conflitos de forma pacífica, participativa e democrática, estimulando a autonomia, a responsabilidade, a empatia e a cidadania dos envolvidos. A mediação na educação pode ser aplicada em diferentes contextos, como:

Na sala de aula, o professor pode atuar como um mediador pedagógico, que facilita a comunicação, a interação e a aprendizagem entre os alunos, utilizando diferentes recursos e estratégias para provocar a reflexão, o questionamento e a solução de problemas. O professor também pode incentivar os alunos a serem mediadores entre si, ajudando-os a resolver os conflitos que surgem no cotidiano escolar, como divergências de opiniões, interesses, valores, comportamentos, necessidades e expectativas.

Na gestão escolar, o mediador pode ser um profissional especializado ou um membro da equipe pedagógica, que auxilia na resolução de conflitos entre os diferentes atores da comunidade escolar, como professores, gestores, funcionários, pais e alunos. O mediador pode atuar como um facilitador do diálogo, da cooperação, do respeito e da participação, buscando soluções satisfatórias para todos, respeitando a diversidade, a pluralidade e os direitos humanos.

Na relação entre pais e filhos, o mediador pode ser um profissional da área da psicologia, da pedagogia, da assistência social ou da saúde, que orienta e apoia as famílias na educação dos filhos, especialmente quando há dificuldades de comunicação, de compreensão, de afeto ou de disciplina. O mediador pode ajudar os pais a entenderem as necessidades, os sentimentos e as potencialidades dos filhos, e a desenvolverem habilidades de escuta, de expressão, de negociação e de cooperação. O mediador também pode ajudar os filhos a entenderem as expectativas, os limites e os valores dos pais, e a desenvolverem habilidades de autonomia, de responsabilidade, de empatia e de cidadania.

Na convivência entre colegas, o mediador pode ser um aluno, um professor, um funcionário ou um voluntário, que intervém nos conflitos que ocorrem entre os colegas, como brigas, bullying, discriminação, exclusão ou violência. O mediador pode atuar como um intermediário nas questões sociais e de comportamento, na comunicação e linguagem, nas atividades e/ou brincadeiras escolares, e nas atividades pedagógicas, nas limitações motoras ou da leitura, nos diversos níveis escolares.

2.5. Benefícios da mediação na educação

A escola é um espaço social propício para as múltiplas interações que se estabelecem entre os sujeitos que o compõem: entre alunos, entre alunos e professores, entre professores, entre alunos e funcionários, entre professores e funcionários, entre professores e diretores, etc. Este conjunto de relações constitui-se como condição indispensável à associação humana e, por sua vez, contribui para o processo de socialização e para a assimilação dos diferentes papéis sociais que estes atores desempenham ao longo do seu percurso de vida.

O comportamento dos atores sociais em interação é afetado pelas expectativas mútuas (Pires, 2009). E os comportamentos que esperam um do outro devem ser compatíveis e complementares. No entanto, cada ator social tem os seus próprios interesses e as expectativas que entram em jogo nas interações sociais entre aluno e professor não dependem apenas dos papéis sociais, mas também da personalidade das pessoas envolvidas.

A mediação na educação vai além da gestão de conflitos; ela é um investimento no bem-estar dos alunos e na construção de um mundo mais harmonioso. Ao adotar essa abordagem, as escolas cultivam a paz, formam cidadãos conscientes e preparam os estudantes para enfrentar desafios com resiliência e empatia. Que a mediação continue a ser uma aliada na construção de ambientes educacionais mais saudáveis e colaborativos.

Dentre os benefícios da mediação que são muito semelhantes às oferecidas pela conciliação, destacamos: Permite que as partes envolvidas encontrem diretamente a solução que ainda não conseguiu concretizar; o custo que é muito menor do que se for usado o judiciário. Promove um ambiente escolar seguro e acolhedor, desenvolve das habilidades sociais e emocionais dos estudantes, melhora as relações interpessoais entre alunos e professores, além de auxiliara na prevenção e redução de violência e bullying.

2.6. Estratégias práticas de mediação

As estratégias de mediação na educação não apenas resolvem conflitos, mas também moldam a maneira como os alunos se relacionam e aprendem. Ao adotar essas práticas, as escolas criam um ambiente propício para o crescimento pessoal, a compreensão mútua e a construção de uma sociedade mais harmoniosa.

Os conflitos são resolvidos de forma construtiva e os alunos se tornam cidadãos conscientes e empáticos estratégias práticas de mediação que podem ser aplicadas nas escolas, com o objetivo de aprimorar a comunicação, estimular a cooperação e fortalecer as habilidades socioemocionais dos estudantes, algumas estratégias podem ser implementadas.

2.6.1. Separar as pessoas do conflito

O essencial é tratar as pessoas como tal e o problema conforme o seu mérito. A relação das pessoas é separada da substância, voltada diretamente para o problema.

2.6.2. Desenhar soluções de benefício mútuo (que todos ganhem)

É conceber soluções que satisfaçam as necessidades e ambições das partes envolvidas; Para fazer isso, você deve expandir as opções em vez de buscar uma única resposta, buscar benefícios mútuos. Como a maioria dos conflitos se baseia na diferença de interpretação de dados, é crucial que os dois lados entendam e reconheçam o ponto de vista e as emoções, tanto suas quanto dos outros. Quanto mais você envolver a outra parte no processo, maior a chance de ela te ajudar e apoiar a sua solução.

2.6.3. Insistir para que os critérios sejam objetivos

Buscar acordos que, além de satisfazer as partes, sejam viáveis; ajudar as partes a encontrar a melhor solução; Explore o BATNA (Melhor Alternativa de Acordo Negociado).

  1. Comunicação Respeitosa: A base da mediação é a comunicação não violenta. Os alunos aprendem a expressar seus sentimentos e necessidades de forma respeitosa, promovendo o entendimento mútuo.
  2. 2. Rodas de Diálogo: Espaços regulares para discussões abertas e reflexões em grupo. Os estudantes compartilham experiências, ouvem diferentes perspectivas e constroem laços de empatia.
  3. 3. Mediação entre Pares: Alunos mais experientes atuam como mediadores em conflitos entre colegas. Isso empodera os jovens e cria um ambiente de confiança.
  4. 4. Resolução Colaborativa de Problemas: A mediação incentiva os alunos a trabalharem juntos na busca por soluções. Eles aprendem a negociar, considerar alternativas e encontrar consensos.
  5. 5. Educação para a Paz: Introduzir conceitos de paz, tolerância e respeito desde cedo. Projetos educativos podem promover a cultura de paz na escola.
  6. 6. Desenvolvimento Socioemocional: A mediação contribui para o crescimento emocional dos alunos. Eles desenvolvem habilidades como empatia, escuta ativa e autorregulação.
  7. 7. Prevenção e Sensibilização: Além de resolver conflitos, a mediação atua na prevenção. Sensibilizar os estudantes sobre a importância do diálogo evita a escalada de desentendimentos.

2.7. Exemplos práticos de mediação na educação

Casos reais de sucesso na implementação da mediação em instituições educacionais.

CASO 1 — Na Escola ABC, localizada em uma região urbana de grande diversidade cultural, a implementação da mediação como prática de resolução de conflitos trouxe resultados significativos. Antes da introdução da mediação, os conflitos entre alunos eram frequentes e muitas vezes escalavam para situações de violência verbal e física. Com a mediação, os alunos passaram a ser capacitados como mediadores, recebendo treinamento e orientação para ajudar seus colegas a resolverem seus conflitos de forma pacífica. A escola também designou um professor como coordenador do programa de mediação, responsável por supervisionar as sessões e garantir que os princípios e processos da mediação fossem seguidos adequadamente. Os resultados foram notáveis. Os alunos envolvidos nas sessões de mediação relataram maior satisfação com os resultados obtidos, sentindo-se ouvidos e compreendidos pelos mediadores. Além disso, houve uma redução significativa nos casos de bullying, discriminações e agressões físicas, criando um ambiente mais seguro e acolhedor para todos.

A mediação também teve um impacto positivo nas relações entre alunos e professores. Através do diálogo facilitado pela mediação, professores puderam entender melhor as necessidades e preocupações dos estudantes, promovendo uma maior empatia e conexão entre ambas as partes.

Em suma, o exemplo da Escola ABC demonstra como a implementação efetiva da mediação na educação pode transformar o ambiente escolar, promovendo a resolução pacífica de conflitos, fortalecendo as relações interpessoais e proporcionando um espaço propício para o aprendizado e desenvolvimento integral dos alunos.

CASO 2 — Um exemplo prático de resolução de conflitos em sala de aula seria quando um grupo de estudantes está discordando sobre como dividir as tarefas em um projeto em grupo. O professor intervém, facilita uma discussão e ajuda a chegar a um acordo justo para todos os envolvidos.

CASO 3 — Outro exemplo seria quando dois professores têm opiniões divergentes sobre a forma de avaliação de uma disciplina. O coordenador do curso intervém, promove uma reunião para ouvir ambas as partes e busca um consenso que atenda aos interesses dos professores e dos alunos.

3. METODOLOGIA

A pesquisa bibliográfica, que consiste em revisar e analisar as fontes teóricas e empíricas sobre o tema, busca compreender os conceitos, as características, as vantagens, os desafios e as recomendações da mediação na educação. A pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador conhecer o estado da arte sobre o assunto, identificar as lacunas, as controvérsias e as contribuições existentes, e fundamentar o seu próprio argumento e posicionamento.

O estudo foi de forma descritiva e que, segundo Gil (1991), as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. O objetivo é compreender a relevância da atuação da mediação facilitadora na construção de uma cultura pacificadora diante das relações interpessoais conflituosas, utilizando a técnica do diálogo.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

No desafio proposto buscou-se estimular melhoria nas relações interpessoais entre alunos e professores. Depois, buscou-se conectar o aprendizado a partir de atividades escritas, relacionando a importância da mediação transformando as informações em um guia para ser distribuído na comunidade escolar. A pesquisa evidencia que através do diálogo facilitado pela mediação, professores puderam entender melhor as necessidades e preocupações dos estudantes, promovendo uma maior empatia e conexão entre ambas as partes.

Adotar uma cultura de paz na escola, que se baseia em valores como a tolerância, a solidariedade, a justiça, a cooperação e o diálogo. A cultura de paz na escola é uma forma de prevenir e transformar os conflitos, valorizando a diversidade, a pluralidade e os direitos humanos. A cultura de paz na escola também implica em criar um ambiente acolhedor, seguro, democrático e participativo, onde todos se sintam respeitados, ouvidos e integrados. Para isso, é necessário promover ações educativas, artísticas, culturais, esportivas e sociais que possam estimular a convivência harmoniosa, a cooperação, a criatividade e a cidadania.

Avaliar e monitorar os resultados e os impactos da mediação na educação, tanto no âmbito individual quanto no coletivo. A avaliação e o monitoramento da mediação na educação são formas de verificar a eficácia, a qualidade e a sustentabilidade do processo, bem como de identificar os pontos fortes, as dificuldades, as necessidades e as oportunidades de melhoria. A avaliação e o monitoramento da mediação na educação também são formas de reconhecer e valorizar os avanços, os aprendizados, as potencialidades e as singularidades de cada envolvido. Para isso, é necessário utilizar instrumentos e indicadores adequados, como questionários, entrevistas, observações, relatórios, depoimentos.

O importante é que a mediação na educação seja vista como uma ferramenta pedagógica que visa promover a formação integral dos alunos, preparando-os para lidar com os conflitos de forma construtiva e pacífica, tanto no âmbito escolar quanto no social.

5. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES

A mediação na educação é uma forma de promover a resolução de conflitos de forma pacífica, participativa e democrática, estimulando a autonomia, a responsabilidade, a empatia e a cidadania dos envolvidos. No entanto, para que a mediação na educação seja efetiva, é preciso enfrentar alguns desafios e seguir algumas recomendações, como:

Sensibilizar e capacitar todos os atores envolvidos, como professores, alunos, gestores, pais e comunidade, sobre o conceito, os benefícios, os princípios e as técnicas da mediação na educação. É importante que todos compreendam o papel e a importância da mediação na educação, e que sejam capazes de aplicá-la em diferentes contextos, como na sala de aula, na gestão escolar, na relação entre pais e filhos, na convivência entre colegas, entre outros. Para isso, é necessário oferecer cursos, oficinas, palestras, materiais didáticos e outros recursos que possam contribuir para a formação e a atualização dos mediadores.

“Para minimizar os problemas de conflitualidade e violência na escola torna-se necessário desenvolver uma educação para a gestão positiva dos conflitos, de modo a fomentar uma cultura de paz e de cidadania, contribuindo para o desenvolvimento do papel da escola como uma política da vida ‟, (Giddens, 19941 apud Sarmento, 2002).

Recomendamos identificar os problemas que mais afligem as famílias para iniciar estudos e analisar a situação para encontrar soluções. Gerenciar com as respectivas autoridades a aplicação da proposta para ajudar diferentes famílias e prestar um serviço à população niteroiense. Estabelecer políticas de avaliação claras e em certos momentos para estruturar estratégias que consolidam essa criação.

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*Adm. Patrícia Figueiredo Pereira Salgado e Adm. Valmira da Silva Cristofori são membros da Comissão de Mediação e Arbitragem do CRA-RJ.

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Entidade civil criada pela Lei Federal 4.769/65, como órgão consultivo, orientador, disciplinador e fiscalizador do exercício da profissão de Administrador.

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